sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

AS SOMBRAS DOS HOMENS - segunda parte

No dia seguinte os protagonistas dessa, e outras, histórias foram convocados pelo barão Harald Bearskin III durante a tarde pois eles tinham mais uma missão. Na sala com uma mesa e cadeiras e uma janela por onde a melancólica luz do sol do outono baroviano se esgueirava estava um jovem soldado, maltrapilho e ensangüentado com uma trágica história.

Caittah Oradea, esse era seu nome,  fazia parte da escolta de um mercador quando, na noite anterior, uma alcatéia de lobos mais ousada  os atacou. A principio eles conseguiram repelir as bestas com certa facilidade, mas a cada momento o número dos animais aumentava e chegou um momento que seu numero, anormalmente grande superou as defesas dos simples três guardas – sendo ele próprio um deles – e os animais realizaram uma chacina matando a todos. Mas o mais aterrador ainda não havia acontecido. Caittah assistiu a um homem seminu e com aspecto selvagem se aproximar rosnando para os lobos e então reivindicar, assim como se faz uma fera para as demais a quais ela é superior, o corpo do mercador e então rasgar sua carne com os dentes e as mãos e animalizá-lo.

Foi somente ai que Caittah abandonou a batalha e fugiu para Teufeldorf onde chegou no horário do almoço. E ali estava ele narrando essa história para os protagonistas dessa história e entrando ele mesmo para ela. Quando o barão Harald os designou para investigar essa alcatéia, o jovem soldado se voluntário para acompanhá-los e foi aceito.

Eles combinaram de se encontrarem na praça Emil Garleanu, à sombra do palacete do burgomestre. Kristine foi até sua Igreja, na Praça Ramish Kostov se aconselhar com seus superiores. Sebastian Shaw foi até o Campo Zarovich com flores e um presente para a cigana Valea, que leu as cartas para ele, e lhe ofereceu um sorriso. E Cyprian Bednic Juntou seus pertences e aproveitou o tempo de folga para beber algumas canecas de cerveja.

Ao entardecer eles se encontraram e, montando cavalos da guarda, saíram da cidade e cavalgaram pela Crisom Road na direção sul, de costas para os dois picos das montanhas Balinoks. Algum tempo cavalgando os levaram até a carroça do comerciante que Caittah havia acompanhado e tudo que encontraram foi um conjunto de corpos soldados por dentes e presas. Os soldados, o comerciante e seu ajudante. Duas orações foram feitas, uma por kristine e outra por Caittah.

Sebastian tentava rastrear com ajuda de seu cão farejador a trilha da alcatéia e perambularam durante um tempo pelas confusas marcas que os lobos deixaram pela mata mas finalmente encontraram a trilha correta do bando de bestas assassinas um pouco depois que Caittah avistou um espírito dilacerado que, translúcido e opaco, não era tocado pela luz do luar ao seu redor e que só ele podia ver.

A trilha seguia para leste e quando encontrou uma bifurcação, seguiu a sul. Kristine temeu pois, naquela direção ficam várias fazendas e latifúndios, incluindo a de seu pai. Mas a trilha acabou seguindo em outra direção. Quando atravessaram um grande milharal eles avistaram uma escura fazenda. Sebastian e Cyprian foram na frente, com passos calculados e silenciosos, para não chamar a atenção. Kristine e Caittah afugentaram os cavalos na esperança de que não se tornassem alvos dos lobos.

Chegando na entrada da fazenda Cyprian e Sebastian nada viram. Tudo estava calmo e nada havia para chamar a atenção. A não ser o celeiro aberto, de onde um ruído estranho soava e pelo qual se aproximaram com as armas em punho. E ah, o que viram lá dentro! Estavam preparados para combater feras e homens, de carne e osso. Estavam prontos para lutar e matar. Mas não estavam preparados para o que viram lá dentro. Quando os olhos se acostumaram com a escuridão lá dentro conseguiram ver – horror! – um homem desgrenhado e seminu que, com selvageria despreocupada, dilacerava com as unhas e com os dentes o corpo de um menino que não devia ter completado 12 anos, e nunca mais o faria. Sebastian sentiu seu estomago revirar e correu para fora onde vomitou durante um bom tempo até seu estomago se acalmar, com a imagem do hediondo canibalismo ainda acontecendo em sua mente. Cyprian se afastou chocado com a arma em punho mas incapaz de fazer outra coisa além de se afastar dali.

Kristine e Caittah que se aproximavam viram o estado dos dois companheiros e se aproximaram indagando sobre o que havia acontecido, mas um grande número de uivos não permitiu que conversassem. Uma grande matilha de lobos se aproximavam. Os quatro deram as costas um ao outro, pois estavam cercados e lutaram. Sebastian, abalado, foi hesitante, mas com a ajuda de seu cão farejador, eles venceram e no final haviam pelo menos uns 10 lobos mortos no chão. E cada um dos quatro levaram pelo menos, uma mordida, mesmo que não tenha sido grave ou que a armadura tenha protegido.

Mas então ouviram, vindo do celeiro, um uivo bizarro e humano e respondendo a ele, outros lobos se aproximaram e a cada momento se destacava das sombras mais um lobo. Mais uma vez brandiram suas armas para os lobos. Desta vez o homem saiu do celeiro, rosnando, em quatro apoios como os animais, seu sorriso torto e os olhos negros. Ele atacou Sebastian que entrou em pânico e largou a arma. Tentou mordê-lo. Ao seu redor todos tentavam espetar os lobos, cujo número apenas aumentava, com as pontas de suas armas até que Kristine se virou na direção de Sebastian. Ele se contorcia e empurrava o homem que se mantinha agarrado a ele tentando morder por através do couro da armadura de sua presa. Então Kristine deu um golpe certeiro na cabeça do homem que caiu inconsciente. Quando isso aconteceu os lobos hesitaram.

Os quatro podiam ver o homem caído e sua sombra que girava à fraca luz do luar e que aos poucos foi se tornando mansa e tênue até parar. O homem morreu e seus olhos se tornaram nublado, mas seu sorriso torto ele o levou consigo para o outro lado. Enquanto Sebastian se recuperava de seu pânico eles notaram que os lobos se dispersaram e partiram.

Alguns metros à esquerda havia uma casa que estava escura e para lá foram e bateram. Lá estavam escondida uma mulher, dona da propriedade e sua filha ainda pequena. Seu marido estava na cidade a negócios haviam dois dias quando os lobos chegaram à fazenda e ela se trancou lá dentro com a filha. O garoto morto era seu empregado.

Seguiram a trilha de volta a pé até encontrarem os cavalos que pastavam perto da bifurcação. Então montaram e foram para casa atravessando a Crisom Road silenciosos, com perguntas sem respostas, incerteza e com o coração acelerado pelo terror.

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