sexta-feira, 12 de novembro de 2010

epílogo 1

Sebastian Shaw percebe-se observando uma linda jovem que, sentada na beira de sua cama, iluminada pela luz da lua que ali não entra, nua, sorri para ele. Ele não têm idéia por quanto tempo esteve mesmerizado a admirá-la, mas parece-lhe que faz muito tempo. Ela, de pele branca e lisa, seios firmes, costas eretas, olhos caramelados têm seus cabelos negros ondulados esvoaçando sob uma brisa proveniente de algum outro lugar que não ali, onde a única porta e a única janela estão fechadas. Sorrindo ela fala, seus lábios carnudos e úmidos se movem, mas o som se propaga em algum lugar que não ali, que permanece em completo silêncio, a não ser por sua respiração desritimada. Sebastian se estica sob a coberta de sua cama, onde estivera deitado, se senta e estica o braço levando a mão na direção da mulher sentada na beirada de sua cama. A cada instante que se aproxima sente seu coração bater mais forte. Quando sua mão consegue sentir o calor do corpo dela, um momento antes de tocá-la, ele é acordado pelas batidas insistentes na sua porta.
Abrindo a porta depara com um soldado no corredor escuro dos alojamentos.

- O que há? Por que me acordou? Não sabe que trabalhei a noite inteira?

- Desculpe-me senhor, estou apenas seguindo ordens. Algo aconteceu que exige sua atenção.

- Do que se trata?

- Trata-se do prisioneiro, senhor. Barão Harald ordenou-me que o levasse para ver o prisioneiro, assim como os demais envolvidos nessa investigação.

- Entendo, vou me vestir e lhe acompanharei.

Após se trocar Sebastian segue o soldado que o guia até a ala dos confinados. Lá, no corredor frio e úmido ele encontra com Kristine Mckean e Cyprian Bednic. Após um breve aceno de saudação no qual cada um deles pode ver a exaustão na face dos outros, os três se viram para o soldado em busca de respostas.

- Então, o que houve?

- Algo muito estranho. O soldado que estava vigiando o prisioneiro essa madrugada teve um surto de febre, dizendo disparates. Aparentemente o prisioneiro fez isso com ele através de uma breve conversa, como se fosse uma maldição, ou bruxaria. Não conseguimos entender direito, já que o vigia foi recolhido para a ala de tratamento dizendo coisas sem sentido, mas desde então ninguém mais entrou lá.

O soldado deu de ombros com um sorriso cansado após seu breve relato. Os três se encaminharam para a cela e com o molho de chaves que o soldado lhes entregou abriram a porta. A cela, pequena e quadrada, estava iluminada pela luz da manhã vindo da janela. Sentado sobre a cama e imóvel, com os olhos fundos e negros em toda sua órbita, estava o prisioneiro, sorrindo bizarramente e ao seu redor sua sombra se agitava em todas direções, rebelde, como se tentasse fugir.

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