segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

epílogo 2

Caittah revia a cena por um número incontável de vez. Ele tentava salvar seu amigo e seus empregados, mas os lobos os superaram e mataram e dilaceraram a todos. Por mais que ele lutasse por mais que ele se ferisse e por mais que ele atacasse. O final era sempre o mesmo. A hedionda figura humana, uma caricatura bizarra, devorando seu amigo e ele mesmo fugindo. Fugindo e fugindo. Mas os lobos correm atrás dele, para sempre em sua memória, como uma cicatriz. Caittah acorda suado no meio a noite, se levanta; se seca. Faz uma prece pedindo a Ezra força para conseguir fazer o que é certo e em silêncio começa a se exercitar.

Na rua, bem depois do escurecer, um homem sai de uma taverna e segue cambaleante em direção à sua casa, lentamente, pelas vielas tortas da região pobre da cidade. Seu hálito cheira a cerveja e seu corpo a suor e perfume barato de uma prostituta barata. A lua está escondida e ao redor tudo escuro. Porcos grunhem em algum lugar e cães latem ao longe. A bebedeira o deixa de raciocínio lerdo e percepção embaçada. Quando percebe que está sendo seguido, isso já acontece a um bom tempo.

Ele se vira sacando uma adaga de sob seu colete marrom e pergunta por quem o está seguindo. Quem está ai – ele pergunta – sabe quem eu sou? Se aproxime maldito, para que eu possa abrir sua barriga com minha adaga!

Seus olhos observam a rua escura em busca de algum sinal de seu perseguidor e nada encontram, seus ouvidos escutam pouco mais do que uma respiração. Ele não vê a fina sombra que se alonga em sua direção, com uma arma de corte em punho. A escuridão não o permite distinguir sombra de sombra. Ele então sente sua pele e carne rasgando e seu sangue quente jorrando com sua vida para fora de seu corpo e ele não vê também a sombra se afastando.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

AS SOMBRAS DOS HOMENS - segunda parte

No dia seguinte os protagonistas dessa, e outras, histórias foram convocados pelo barão Harald Bearskin III durante a tarde pois eles tinham mais uma missão. Na sala com uma mesa e cadeiras e uma janela por onde a melancólica luz do sol do outono baroviano se esgueirava estava um jovem soldado, maltrapilho e ensangüentado com uma trágica história.

Caittah Oradea, esse era seu nome,  fazia parte da escolta de um mercador quando, na noite anterior, uma alcatéia de lobos mais ousada  os atacou. A principio eles conseguiram repelir as bestas com certa facilidade, mas a cada momento o número dos animais aumentava e chegou um momento que seu numero, anormalmente grande superou as defesas dos simples três guardas – sendo ele próprio um deles – e os animais realizaram uma chacina matando a todos. Mas o mais aterrador ainda não havia acontecido. Caittah assistiu a um homem seminu e com aspecto selvagem se aproximar rosnando para os lobos e então reivindicar, assim como se faz uma fera para as demais a quais ela é superior, o corpo do mercador e então rasgar sua carne com os dentes e as mãos e animalizá-lo.