quarta-feira, 20 de julho de 2011

epílogo 4

Kristine foi acordada no inicio da alvorada por um jovem pajem que lhe disse ter uma visita inesperada e indesejada. Com um pouco de dificuldade ela saiu de sua cama e foi encontrar a visita. Ela desceu as escadas do templo e passou por alguns membros da igreja que carregavam asco e temor no rosto. Quando porém ela encontrou seu visitante entendeu a reação das pessoas. Por ela aguardava um calibam, de corpo curvado, membros largos, cabelos desgrenhados e uma amassada porém nova vestimenta de servo. Embora todos sentissem asco em relação ao amaldiçoado Kristine não era assim e sabia que o infortúnio pode fazer as pessoas temidas e odiadas sem elas merecerem e recebeu o calibam com paciência e piedade.

Mas eis que o destino faz troça da expectativa das pessoas. Ou talvez os poderes ocultos e sombrios que guiam as eternas brumas de Baróvia. Pois aquela criatura que a maioria negaria ser uma pessoa devido a sua deformidade trouxe para Kristine a resposta de como deter o mal que assolava então a bela Teufeldorf e dar fim àquelas noites sombrias.

quarta-feira, 30 de março de 2011

AS SOMBRAS DOS HOMENS - quarta parte


Após o último evento nossos protagonistas se recolheram ao seu merecido descanso. E no dia seguinte Caitah escutou atentamente quando Kristine e Bednic contaram sobre a Noite da Loucura e os acontecimentos que se seguiram a ela e no qual ele estava agora envolvido. Tentaram interrogar mais uma vez o prisioneiro, mas novamente a tentativa resultou em frustração.

Em busca de conhecimento visitou mais uma vez Thomas que lhe emprestou um livro sobre ocultismo e outros conhecimentos malditos que poderiam guardar algum segredo sobre os funestos acontecimentos. Kristine procurou o aconselhamento de seu superior no Templo do Senhor da Manhã, pois pôde sentir em seus companheiros algum poder quando em oração ao Deus, invocou um milagre.

Sebastian foi visitar a bela vistani que cortejava com o pretexto de ter sua sorte predita. Durante o dia ficaram sabendo que um soldado havia faltado e que sua família estava preocupada.

Enquanto patrulhavam as ruas no inicio da noite encontraram um soldado que corria desesperado com som do brandir de espadas às costas. Disse que Edward, o soldado sumido, estava na porta do cemitério e atacou um outro soldado. Havia algo mais, podiam sentir, pois o homem se encontrava desesperado. Correram para o cemitério onde encontraram ferido e inconsciente soldado para quem ofereceu suas preces pedindo por um milagre que salvasse o moribundo.  Caitah e ela avistaram um homem lá dentro e correram em sua direção enquanto. Sebastian e Bednic seguiam hesitantes. Kristine, para combater a escuridão, fez com que na espada de Caitah surgisse a luz da manhã e em sua própria arma também.

Quando chegaram no homem, Edward, este tinha a sombra dançante, embora não sorrisse. Não tinha expressão alguma. Assim como não tinham expressão aqueles que vieram em seu auxilio. Rindo Edward profetizou a morte dos heróis e fez com que sua sombra dançante disparasse muitos pedaços dela mesma ao redor, que passaram sem tocar seus oponentes, mas alcançaram seu objetivo. Pois das covas incontáveis homens e mulheres, jovens e velhos e ate mesmo crianças, se ergueram de seu descanso que deveria ser eterno para atacar nossos heróis. Tal horrenda visão projetou uma sombra no peito de cada um dos bravos protagonistas, mas a determinação de Kristine e Caitah os mantiveram firmes que costas a costas se puseram para enfrentar o que viesse.

Assustado Sebastian correu para fora com Bednic que se pos ali mesmo a vomitar. Ele tentou atabalhoadamente fechar o portão e se pos atrás de suas grades para se proteger e acalmar seu coração. A dupla dentro do cemitério combateu o horror e pouco a pouco foram sendo feridos. Mas no final triunfaram e ao seu redor haviam pilhas e pilhas de cadáveres desmembrados. Uma visão que não deixa de provocar terror no coração das pessoas.

Do lado de fora Sebastian tentou segurar o portão o máximo que pode, mas os mortos forçaram o portão para fora e o atacaram. Ele se pos entre o soldado inconsciente para protegê-lo enquanto Bednic se afastava ainda mais, em pânico. E os quatro mortos que passaram pelo portão tiveram seu fim – definitivo dessa vez, eu espero – pela espada de Sebastian.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

epílogo 3


Andando com dificuldade e deixando um rastro de sangue de sua perna ferida um homem se afasta furtivamente do conflito na viela. Sua perna pulsa de dor a cada pisada devido à mordida do cachorro. Mas ele não teme por seus perseguidores e não tenta despistar seus rastros. Está escuro demais para perceberem os rastros de sangue e quando o dia chegar já será tarde demais.

AS SOMBRAS DOS HOMENS - terceira parte

Quando foram reunidos novamente o grupo já considerava Caittah como membro. Ele decidira ficar na guarda da bela Teufeldorf.

Um homem foi assassinado durante a madrugada, enquanto vocês estavam fora. Seu corpo coberto de seu sangue, estirado e contorcido num beco. Mas não há nenhum ferimento de onde esse sangue jorrou. Assim começou o barão Harald que os levou até o corpo da vítima. Havia sangue seco por todo seu corpo e principalmente sobre o abdome, mas não havia nenhum ferimento.

Se informaram de que se tratava de um comerciante da cidade e descobriram também onde ele residira. E que na noite do assassinato ele esteve na Taverna Corvin. Cyprian foi fazer perguntas para Druom, o taverneiro enquanto Kristine foi a Igreja em busca de seus equipamentos. Caittah e Sebastian foram à casa do falecido Geremiah para fazer perguntas. Lá encontrou sua esposa e uma vizinha. Elas disseram que Geremiah era um bom homem, embora de temperamento forte e briguento. Ele esteve com o filho, que é membro da guarda e mais um amigo, na Taverna Corvin e era sócio de Fallen, em uma casa de produtos agrícolas.

Quando saiam da casa encontraram-se com Kristine que se aproximava e decidiram ir até o comércio, conversar com o tal Fallen. No caminho explicaram para Caittah sobre Fallen e seus três enforcamentos. Chegando lá o encontraram dando orientação á um dos seus empregados que atendia a um grupo de compradores e quando Fallen avistou os três soldados respirou fundo e automaticamente pôs sua mão sobre a cicatriz que têm na garganta.

Conversando com o aliviado Fallen, descobriram que Geremiah tinha muitas rixas com comerciantes de origens variadas. Mas que, certamente, a pessoa com quem mais teve atrito foi o nobre dono de terras Judas. E lhes explicou onde o encontrar. Ele enfatizou, “Não é porque Geremiah brigava com Judas e o acusava de sabotagem, que é Judas responsável pelo ocorrido, mas se têm alguém a quem Geremiah deu dor de cabeça, esse alguém é Judas”.

Eles então se reúnem a Cyprian na Taverna onde ele bebia e conversava com Druom que revelou alguns detalhes da noite anterior. Como que Geremiah bebia muito e com freqüência era preciso mandá-lo embora para fechar a taverna. Seguiram em seguida para casa de Judas, um velho ranzinza, esnobe e avarento que os recebeu bastante mal quando percebeu a insinuação explicita naquela visita. Tendo porém não descoberto nada de importante decidiram entre si que iriam se reunir ao anoitecer para patrulharem as ruas.


Caittah aproveitou esse meio tempo para procurar um membro da Igreja de Ezra que deveria ser seu amigo, contato e confidente. Thomas era seu nome e o recebeu de braços abertos em sua casa abarrotada de livros onde vive com a filha pequena, quando identificou através de código, quem era Caittah. Passaram a tarde conversando.

A noite eles andaram pelas ruas escuras de Teufeldorf até que iniciaram uma perseguição a um vulto que os espalhou pelas ruas. E quando o cão de Sebastian o mordeu aquele que corria, eles foram atacados na escuridão e lutaram às cegas. Tiveram pouca sorte, de início, mas quando Kristine convocou o poder do Senhor da Manhã em seu pingente sagrado e parte da noite se tornou dia com a luz que dele emanava ela se viu confrontando uma sombra em forma de homem – caricatura horrível da vida humana - que pereceu rapidamente se desfazendo no ar como cinzas que são levadas pelo vento. E um atrás do outro, quando ela alcançou os demais sua luz debilitou as criaturas de sombra que se parecia de forma grotesca com um homem. Quando procuraram aquele que perseguiam encontraram algo pior que as sombras. Um homem que era semelhante a uma sombra. Sua pele em eterna mutação, uma arma na mão e um sorriso torto no rosto.

Tenho certeza que no peito de cada um dos nossos protagonistas o coração bateu mais aceleradamente, como bate o coração de um homem que encontra a morte ou algo como isso que sugere que há algo pior do que ela. Suas armas atingiram o alvo, mas as sombras o protegia. Sua mão, com uma espada sombria golpeava os nossos heróis. Mas com a benção do Senhor da Manhã a criatura pereceu e as sombras abandonaram seu corpo deixando para trás um corpo vazio de alma e com um sorriso perturbador que se negou a abandoná-lo mesmo depois da morte.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

epílogo 2

Caittah revia a cena por um número incontável de vez. Ele tentava salvar seu amigo e seus empregados, mas os lobos os superaram e mataram e dilaceraram a todos. Por mais que ele lutasse por mais que ele se ferisse e por mais que ele atacasse. O final era sempre o mesmo. A hedionda figura humana, uma caricatura bizarra, devorando seu amigo e ele mesmo fugindo. Fugindo e fugindo. Mas os lobos correm atrás dele, para sempre em sua memória, como uma cicatriz. Caittah acorda suado no meio a noite, se levanta; se seca. Faz uma prece pedindo a Ezra força para conseguir fazer o que é certo e em silêncio começa a se exercitar.

Na rua, bem depois do escurecer, um homem sai de uma taverna e segue cambaleante em direção à sua casa, lentamente, pelas vielas tortas da região pobre da cidade. Seu hálito cheira a cerveja e seu corpo a suor e perfume barato de uma prostituta barata. A lua está escondida e ao redor tudo escuro. Porcos grunhem em algum lugar e cães latem ao longe. A bebedeira o deixa de raciocínio lerdo e percepção embaçada. Quando percebe que está sendo seguido, isso já acontece a um bom tempo.

Ele se vira sacando uma adaga de sob seu colete marrom e pergunta por quem o está seguindo. Quem está ai – ele pergunta – sabe quem eu sou? Se aproxime maldito, para que eu possa abrir sua barriga com minha adaga!

Seus olhos observam a rua escura em busca de algum sinal de seu perseguidor e nada encontram, seus ouvidos escutam pouco mais do que uma respiração. Ele não vê a fina sombra que se alonga em sua direção, com uma arma de corte em punho. A escuridão não o permite distinguir sombra de sombra. Ele então sente sua pele e carne rasgando e seu sangue quente jorrando com sua vida para fora de seu corpo e ele não vê também a sombra se afastando.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

AS SOMBRAS DOS HOMENS - segunda parte

No dia seguinte os protagonistas dessa, e outras, histórias foram convocados pelo barão Harald Bearskin III durante a tarde pois eles tinham mais uma missão. Na sala com uma mesa e cadeiras e uma janela por onde a melancólica luz do sol do outono baroviano se esgueirava estava um jovem soldado, maltrapilho e ensangüentado com uma trágica história.

Caittah Oradea, esse era seu nome,  fazia parte da escolta de um mercador quando, na noite anterior, uma alcatéia de lobos mais ousada  os atacou. A principio eles conseguiram repelir as bestas com certa facilidade, mas a cada momento o número dos animais aumentava e chegou um momento que seu numero, anormalmente grande superou as defesas dos simples três guardas – sendo ele próprio um deles – e os animais realizaram uma chacina matando a todos. Mas o mais aterrador ainda não havia acontecido. Caittah assistiu a um homem seminu e com aspecto selvagem se aproximar rosnando para os lobos e então reivindicar, assim como se faz uma fera para as demais a quais ela é superior, o corpo do mercador e então rasgar sua carne com os dentes e as mãos e animalizá-lo.